Império do Espírito Santo do Outeiro

O Império do Espírito Santo do Outeiro, fica localizado na freguesia da Nossa Senhora da Conceição, concelho de Angra do Heroísmo ,situado na Ruas das Maravilhas, no lugar do Outeiro.

A sua data de construção remonta ao século XVII, ao ano de 1670.

O império do Outeiro é considerado o mais antigo da ilha, segundo a tradição e dela há memória notável a que não foi estranho nem indiferente o governo da Nação, assinando El-Rei D. José um alvará especial que lhe concede honroso privilégio distinguindo a sua coroa dentre todas as da ilha.

“O Dr. Alfredo Sampaio, no seu livro «Memórias sobre a Ilha Terceira», copiando Drumond e Pinheiro nos conta que, quando em 1761 rebentou o fogo detrás dos Picos Gordos estendendo-se até ao sítio denomidado Mystério Velho, onde se demorou oito dias dividindo-se em três correntes, uma de 330 metros até ao lugar denominado a Chama, outra na extenção de 2000 metros atingindo o Tamujal, e a terceira até ao Biscoito, numa extensão de 6000 metros, com grandes rugidos subterrâneos e explosões que lançavam ao ar pedras de extraordinária grandeza e chuvas de areias e cinzas que se estendiam por toda a ilha e pelo mar, muitas procissões, com varias imagens, partiram de várias freguesias com preces e ladaínhas implorando a proteção divina; contudo as mais notáveis foram as que conduziam coroas do Espírito Santo, razão porque Matias Silveira, homem rico, da freguesia dos Biscoitos, prometeu edificar e edificou uma ermida junto de suas casas.

A coroa do Império do Outeiro foi a primeira que lá chegou, correndo a versão tradicional que o povo foi conduzindo até nós, de que cessou o fogo após a aproximação dela, o que foi atribuindo a milagre da mais antiga coroa da ilha.

Ferreira Drumond, nos seus Annaes, apenas diz, quando se refere ao caso: «Contaram-se outros sucessos, como sempre acontece, dignos de ocupar a devoção dos povos, mas que a brevidade me não consente relatar». O que ele não arquivou transmitiu-o a tradição. Por isso que D. José ordenou em alvará, que a coroa do império do Outeiro tomasse a direita às outras, quando em procissão.

São estas fortes razões que fazem com que perdure este Império através de séculos, quando outros acabaram caindo no esquecimento do povo.

A coroa do império do Outeiro é o mais antigo monumento da devoção do povo terceirense com o Divino Espírito Santo, que conseguiu atravessar os séculos conservando a popularidade, o respeito, a devoção pública em especial relevo”.

Angra do Heroísmo, Maio de 1941.

(Original de Gervásio Lima)

O império do Outeiro celebra a sua festa no domingo de Pentecostes, no 1º bodo.

No âmbito do programa festivo, há a mudança da coroa no domingo anterior ao da festa, para o império, onde à noite, e durante a semana, é rezado o terço pelas pessoas que o desejam fazer. A meio da semana procede-se à distribuição de esmolas de carne e pão. É costume também, sempre que é possível, incluir no programa uma cantoria com os melhores cantadores de improviso.

No dia do bodo, ou seja do Pentecostes, realiza-se, pela manhã, o cortejo, acompanhado por uma filarmónica, do império para a Ermida do Desterro, onde é celebrada missa de coroação, regressando de seguida o préstito ao império. É costume fechar-se uma rua, na qual colocam várias mesas para ser servido um almoço/função às crianças e jovens do local, bem como a quem estiver presente.

Da parte da tarde, há arraial, arrematações das oferendas, cujos proveitos revertem a favor do império. Sempre que há disponibilidade financeira, é convidado um grupo de música para animar o arraial. No fim, é nomeada a comissão para o ano seguinte e são sorteados os pelouros.

A festa, sempre que é possível, costuma encerrar no sábado seguinte, ou seja, no dia anterior ao domingo da Trindade, com uma tourada à corda.

Fonte: http://roteirodesazores.com/festa/imperio-do-outeiro-da-conceicao/

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